sexta-feira, 30 de março de 2012

O maior mercado de camelos do Médio Oriente, no Cairo, Egito

A uma hora de distância de carro do Cairo, situa-se uma pequena vila chamada Birqash. Esta vila é igual a tantas outras, e num dia normal não existiria nenhuma razão em especial para que me deslocasse até lá. No entanto, é sexta-feira, e como em todas as outras sextas-feiras, é aqui que segundo consta, ocorre o(ou um dos) maior(es) mercado(s) de camelos do Mundo, o souq al-Gamaal.

Para chegar a esta vila a partir do Cairo, basta saber duas palavras que são: 'souq gamel?' que literalmente significa "mercado de camelos?" e após passar por inúmeras aldeias, vilas e lugarejos com o auxilio de dezenas de pessoas, é possível chegar à porta deste mercado, de forma relativamente fácil, tendo em conta, claro, o caos do trânsito no Cairo.

Existe uma pequena particularidade à qual me fui habituando ao longo do tempo. Dado que o Egito é um país que vive bastante do turismo, alguém lembrou-se, entretanto, de cobrar entrada a estrangeiros e para entrar paga-se uma pequena quantia por um bilhete, como se de um espetáculo se tratasse, embora também seja verdade que raros foram os turistas que avistei durante toda a manhã.

Se para qualquer pessoa que aqui se desloque o caminho pode ser um pouco desgastante, passo a descrever a vida destes camelos nos últimos tempos. A maioria dos camelos é proveniente do Sudão, e para aqui chegar, necessitam de atravessar cerca de 40 dias até à fronteira com o Egipto, aproximadamente até Abu Simbel, onde depois durante 24 horas são conduzidos por jipes até Birqash. Existem muitos outros camelos trazidos do Este do Egipto, da península do Sinai, e outros até da longinqua Somália.

Mas voltemos ao mercado. O mercado em si é um assalto aos sentidos e não é certamente para os mais impressionáveis. E para alguém que esteja a fotografar, é necessário uma extrema atenção, pois existem neste mercado centenas de camelos, muitos deles simplesmente a correr em todas as direcções, sem se preocuparem com o que está pelo caminho e é muito fácil perdermos essa noção. Desde logo reparei de imediato que não existem mulheres, apenas homens e crianças. A única presença feminina poderá ser eventualmente uma visitante estrangeira, à qual será aconselhável vestir-se 'moderadamente'.

Dei conta que no mercado se formavam pequenos grupos de pessoas em círculos que por sua vez rodeavam camelos, que se iam sucedendo uns aos outros. Os homens batiam-lhes com canas inúmeras vezes. Explicaram-me que o faziam para demonstrar o quão fortes e vigorosos são (além de os porem na linha, também), enquanto os comerciantes discutiam preços até chegarem a um consenso, e após isso, sucederia um camelo para o lugar do anterior, e assim sucessivamente entre as 7 e as 10 da manhã, o momento de maior movimentação no mercado.

Enquanto toda esta acção se desenrola, caminhei pela periferia do mercado, onde pude constatar de tudo um pouco, que no fundo, é o que torna este local bastante único. Reparo desde logo nos inevitáveis pequenos cafés, com mesas e cadeiras onde calmamente pessoas fumam narguilleh e bebem chá, enquanto do portão principal chegam mais jipes carregados com camelos, onde se negoceia fervorosamente, e onde também se matam camelos e se serve carne pronta a comer ou para ser vendida em estado bruto. Daí referir ao inicio que poderá ser muito forte para os mais impressionáveis.

E se pretender adquirir um camelo, posso informar que os mais pequenos começam nos 250 euros e podem ir até aos 700, no caso dos mais altos e fortes. O que faz depois com ele, seja para comer ou como forma de transporte, é algo que neste canto do mundo depende totalmente da vontade da pessoa.








































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